A Organização Mundial de Saúde (OMS) informou nesta quarta-feira (22) que pediu “informações detalhadas” às autoridades chinesas sobre os relatos de um surto de pneumonia em crianças.
Casos reportados em diferentes cidades na China levaram um importante programa de vigilância da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas a emitir um alerta expressando “preocupação” e também cobrando “informações definitivas” sobre a extensão da doença.
Até a mais recente atualização desta reportagem, não havia relato de mortes, mas sim do aumento abrupto das internações de crianças em Pequim e Liaoning, áreas que ficam 800 km de distância.
De acordo com a OMS, o aumento na incidência de doenças respiratórias na China foi relatado pela Comissão Nacional de Saúde no dia 13. As autoridades locais associaram a alta à suspensão de restrições contra a Covid-19 e ao aumento na circulação de agentes infecciosos já conhecidos, como o vírus sincicial respiratório (VSR) e SARS-CoV-2, entre outros.
Clusters são agrupamentos de casos semelhantes de uma doença em uma determinada região geográfica e período de tempo.
“Não está claro se esses estão associados ao aumento geral de infecções respiratórias anteriormente relatado pelas autoridades chinesas ou se são eventos separados”, afirma a OMS.
A organização diz que, nesta quarta-feira (22), “solicitou informações epidemiológicas e clínicas adicionais, bem como resultados laboratoriais desses clusters relatados entre crianças, por meio do mecanismo de Regulamentações Internacionais de Saúde”.
“Desde meados de outubro, o norte da China relatou um aumento em doenças semelhantes à gripe em comparação com o mesmo período nos três anos anteriores. A China possui sistemas para capturar informações sobre tendências em influenza, doenças semelhantes à gripe, VSR e SARS-CoV-2, e relata para plataformas como o Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza”, afirmou a OMS.
O alerta enviado na terça-feira (21) pelo sistema ProMED, da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas, resume uma reportagem publicada pelo site FTV News, que é um veículo de notícias taiwanês. Além do resumo, o ProMED apresenta um comentário de Dan Silver, relator do ProMED, que é cedo para associar o cenário ao surgimento de outra pandemia.
“(Os relatos sugerem) um surto generalizado de uma doença respiratória não diagnosticada em várias áreas na China, pois Pequim e Liaoning estão quase 800 km de distância. Não está claro quando esse surto começou, pois seria incomum tantas crianças serem afetadas tão rapidamente. O relatório não menciona que adultos foram afetados, sugerindo alguma exposição nas escolas. O ProMED aguarda mais informações definitivas sobre a etiologia e a extensão desta preocupante doença na China”, escreveu o relator.
Monitoramento de saúde global
Em entrevista ao g1, a infectologista Luana Araújo lembra que, no passado, o ProMED foi responsável por compartilhar informações iniciais sobre os surtos de ebola e de COVID, antes mesmo de termos quaisquer informações oficiais.
“Ele faz aquele papel de observação e compartilhamento de informações, aponta para preocupações em observações de situações da ponta para as quais precisamos de ajuda ou de alerta para o restante da comunidade”, explica Luana.
A infectologista afirma que, apesar do monitoramento, o alerta não é motivo para pânico ou preocupação imediata com uma nova pandemia.
“(As informações) são ínfimas até agora. Nenhuma confirmação etiológica, apenas elocubrações”, alerta Luana. “Na verdade, o momento é de se reafirmar aquilo que sabemos válido e valioso para quadros infecciosos em geral: a tríade higiene de mãos, vacinação e informação jamais será superestimada.”
A especialista lembra que vários fatores podem estar ligados ao surto. “Sobre o agente etiológico (vírus causador da doença), o que se sabe é que temos um aumento da circulação e, algumas mudanças nos padrões desta circulação, de agentes diversos neste momento – muito pelo isolamento forçado no período crítico da pandemia”, analisa Luana.
“Nestes casos na China não se fala em óbitos. Fala-se em aumento de internações. Isto é crucial, porque nos dá pistas sobre o comportamento destes agentes: são imunopreveníveis (e essa população está vacinada, diminuindo a chance de desfecho trágico?) ou são autolimitados mesmo?”, questiona a especialista.
Fonte: G1
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