Moradores de diversas cidades do Sul de Minas, como Poços de Caldas, Andradas, Caldas, Ipuiúna, Pedralva, Itajubá e Pouso Alegre, foram surpreendidos por um rastro luminoso cruzando o céu nas madrugadas de quarta (9) e quinta-feira (10). Descrito como uma “luz de fogo”, o fenômeno viralizou nas redes sociais e gerou diversas especulações — desde meteoros até objetos voadores não identificados (OVNIs).
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No entanto, especialistas confirmaram que o brilho foi causado pela reentrada de satélites e detritos espaciais na atmosfera terrestre. O atrito gerado durante a entrada desses objetos em alta velocidade provoca combustão de seus materiais — como ligas metálicas e componentes cerâmicos — criando um espetáculo visual impressionante.
O que causou o fenômeno
De acordo com o cientista planetário Marcelo de Cicco, coordenador do projeto Exoss em parceria com o Observatório Nacional, o efeito luminoso é resultado da queima desses materiais na alta atmosfera.
“À noite, fica realmente um show luminoso, colorido, devido às características do material e da combustão”, explicou.
As análises realizadas por pesquisadores apontaram para duas reentradas distintas em noites consecutivas:
9 de julho, às 5h50 – Reentrada do satélite Starlink 4671, da empresa SpaceX
10 de julho, às 2h50 – Reentrada de detrito espacial da nave ILLUMA-T, lançada pela NASA em 1998
Os episódios foram monitorados pela Rede Exoss e pelo Observatório do Pico dos Dias, do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).
“Foram dois eventos diferentes. Já temos mapas preliminares com possíveis pontos de queda de fragmentos, que ainda estão sendo refinados”, afirmou Saulo Gargaglioni, coordenador do observatório.
Impactos e preocupações
Apesar do espetáculo visual, o fenômeno traz à tona preocupações sobre o crescente acúmulo de lixo espacial. Segundo Marcelo de Cicco, ainda que as reentradas sejam eventos relativamente raros, há pesquisas em andamento para avaliar seus impactos nas camadas superiores da atmosfera.
“Já existem estudos que buscam entender como a queima desses materiais pode afetar a alta atmosfera”, ressaltou.
Atualmente, o Brasil conta com duas estações de rastreamento em parceria com a agência espacial russa Roscosmos e está desenvolvendo seu próprio sistema para monitorar o tráfego espacial.
Como relatar fenômenos semelhantes
Quem presenciar eventos como esse pode colaborar com a ciência. A orientação é fazer o relato à Rede Exoss, uma iniciativa colaborativa voltada ao monitoramento de meteoros e reentradas atmosféricas. No site do projeto, é possível registrar o local, horário, cor, direção e duração do fenômeno observado.
Apesar do impacto visual, não houve registro de fragmentos atingindo o solo ou qualquer dano causado pelos episódios.
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