Pelo menos três pessoas morreram e outras continuam internadas em estado grave após consumirem bebidas alcoólicas adulteradas com metanol no estado de São Paulo. A situação está sendo tratada como grave pelas autoridades de saúde, que classificaram o número de ocorrências como “fora do padrão”. Ao todo, 14 casos suspeitos estão sendo investigados, incluindo episódios de cegueira temporária ou permanente, coma, e até acidente vascular cerebral (AVC).
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Os relatos apontam que as vítimas consumiram bebidas aparentemente lacradas e de marcas conhecidas, adquiridas em pontos de venda regulares, como adegas e bares. Apesar da aparência normal, as garrafas estavam adulteradas com metanol, substância altamente tóxica e de difícil detecção ao paladar ou olfato, por ter características semelhantes ao álcool comum.
Entre os sintomas mais comuns após o consumo estão náuseas, tonturas, visão turva, perda total da visão, convulsões e desmaios. Em alguns casos, as vítimas precisaram ser entubadas e encaminhadas à UTI, com comprometimento neurológico irreversível. Ao menos um paciente permanece em coma, sem atividade cerebral, após mais de três semanas de internação.
A Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou que todas as intoxicações registradas até o momento estão ligadas ao consumo de bebidas falsificadas. A Polícia Civil também abriu investigação, com foco na origem da adulteração. As bebidas contaminadas seriam de marcas populares, mas manipuladas ilegalmente antes da distribuição.
As autoridades federais acreditam que o metanol utilizado pode ser o mesmo produto químico contrabandeado e normalmente utilizado na adulteração de combustíveis, o que amplia os riscos tanto para a saúde pública quanto para a segurança coletiva.
O metanol é um álcool industrial utilizado principalmente na fabricação de biodiesel e outros produtos químicos. Ele é altamente inflamável e sua ingestão, mesmo em pequenas quantidades, pode levar à cegueira, falência múltipla de órgãos e morte. No Brasil, o uso desse composto é proibido em bebidas, sendo considerado crime grave sua utilização com fins de consumo humano.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria emitiram um alerta a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas em São Paulo e nas regiões próximas, recomendando que todos verifiquem com rigor a procedência e o lacre de garrafas.
Diante da situação, especialistas alertam para que os consumidores estejam atentos a mudanças no gosto, no cheiro ou na textura das bebidas, e que deem preferência a locais de venda com registro e controle sanitário regularizados.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública acompanha o caso e não descarta ações conjuntas com a Receita Federal e a Polícia Federal para identificar e desarticular a cadeia criminosa responsável pela adulteração e distribuição das bebidas contaminadas.
