Minas Gerais, tradicionalmente reconhecido como a terra do café, agora desponta também como um dos principais polos de produção de vinhos finos no Brasil. Nos últimos anos, o Estado, especialmente o Sul de Minas e a Serra da Mantiqueira, passou por uma transformação marcada pelo avanço dos vinhedos em áreas antes dominadas por cafezais. Além disso, o número de projetos de vinícolas saltou de 50 em 2020 para 130 neste ano, segundo o Sindvinho, reforçando o novo protagonismo mineiro no setor.
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A produção já alcança 4,5 milhões de litros de vinho por ano, impulsionada por 2,5 mil toneladas de uvas cultivadas exclusivamente para esse fim. Enquanto isso, São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas, lidera a produção com a maior área plantada do Estado: 160 hectares.
Entre os destaques está a Vinícola Alma Gerais, fundada em 2020 pelos empresários Alessandro Rios e Antônio Alberto Júnior. Com 16 hectares plantados, a vinícola já recebeu premiações internacionais. O Sauvignon Blanc 2023 conquistou medalha de prata no Decanter World Wine Awards 2025, enquanto o Syrah 2023 levou bronze. O enólogo Thiago Sfreddo Hunoff explica que a altitude entre 850 e 1.300 metros e a neblina típica do inverno contribuem para aromas mais intensos e acidez equilibrada, garantindo um terroir diferenciado.
Ainda em São Gonçalo do Sapucaí, a Vinícola Barbara Eliodora também se destaca. Criada em 2015 por Guilherme Bernardes Filho, começou como um projeto pessoal e hoje soma 18 hectares plantados. O primeiro rótulo premiado veio em 2021, quando recebeu medalha de bronze no International Wine Challenge. A vinícola produz atualmente 30 mil garrafas por ano e projeta chegar a 70 toneladas de uvas em 2026.
Em Jacutinga, no Sul de Minas, a Vinícola Pioli mostra outra faceta desse crescimento. A família, que sempre cultivou café, iniciou o plantio de uvas em 2017 e hoje ocupa 12 hectares com variedades como chardonnay, pinot noir e cabernet franc. A vinícola produz seus rótulos desde 2022 e já conquistou medalha de prata no Decanter World Wine Awards com o Syrah Solar Pretenzioso 2021. Para o próximo ano, planeja ampliar o cultivo com mais um hectare de merlot.
Enquanto isso, em Boa Esperança, a Vinícola Maria Maria, da tradicional família Junqueira Nogueira, é outro exemplo da força do setor na Serra da Mantiqueira. Com 21 hectares plantados, a empresa também celebra premiações, como a medalha de ouro no Decanter World Wine Awards 2025 para o Isabela Syrah 2023. Segundo Eduardo Junqueira Nogueira Neto, a técnica da dupla poda garante vinhos mais estruturados e com maior teor alcoólico. O cultivo de café ao redor das videiras, que ultrapassa 400 hectares, também contribui para a identidade sensorial dos rótulos.
O avanço do cultivo de uvas em Minas Gerais é resultado direto da adoção da dupla poda, técnica desenvolvida pela Epamig. Dessa forma, o ciclo produtivo é transferido para o inverno, período mais seco e ideal para a obtenção de uvas de alta qualidade. Hoje, o Estado soma 815 hectares destinados ao cultivo de uvas, sendo 403 destinados à produção de vinhos.
Com isso, Minas Gerais consolida-se como uma nova força do ecoturismo e da vitivinicultura brasileira. Se antes era reconhecido mundialmente pelos cafés especiais, agora o Estado mostra que também pode ser, com excelência, a terra do vinho.
Fonte e imagens: Divulgação Globo Rural
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