A Fundação ProCafé, sediada em Varginha (MG), emitiu um alerta sobre a prática ilegal de revenda e envio de sementes de café brasileiras para outros países. Segundo a instituição, essa atividade coloca em risco a competitividade dos produtores nacionais no mercado internacional e ameaça décadas de pesquisa e investimento no setor.
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O comunicado foi publicado nas redes sociais da fundação, que reforçou que as cultivares desenvolvidas no Brasil representam um verdadeiro patrimônio da cafeicultura. Essas variedades são fruto de extensos estudos e de recursos destinados diretamente pelos próprios cafeicultores.
De acordo com o engenheiro-agrônomo e pesquisador da ProCafé, Lucas Bartelega, já foram identificados casos de circulação ilegal em países como Colômbia e Costa Rica. Ele ressaltou que algumas cultivares levaram mais de 40 anos para serem patenteadas, exigindo altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
A ProCafé destacou ainda que está mobilizada para coibir essas práticas e preservar os direitos dos produtores, lembrando que a proteção das cultivares é essencial para manter o protagonismo do Brasil como maior produtor e exportador de café do mundo.
Prejuízo à pesquisa e ao setor
O vice-presidente do sistema Faemg-Senar, Arnaldo Bottrel Reis, ressaltou que o Brasil é pioneiro no desenvolvimento de novas cultivares, resistentes a pragas e condições climáticas adversas. Para ele, o envio ilegal é uma forma de contrabando de tecnologia.
“O Ministério da Agricultura não tem nenhum registro de que essas sementes estão saindo. É contrabando. São anos e anos de pesquisa de variedades resistentes a nematoide, ferrugem e seca, que gastam anos e anos, e nós vamos pegar isso e mandar para outros países? Não podemos aceitar”, afirmou.
O cafeicultor Adelino Roberto Bernardes também criticou a prática, que considera desleal.
“É jogo sujo. Porque nós temos uma variedade que o outro vai produzir com ela, com custos muito menor do que o nosso, usando produtos que até aqui já são proibidos. Eles usam em outros países ainda, então não é justo”, disse.
Fonte: g1
