A estudante Maria Eduarda Antunes Silva de Oliveira, de 21 anos, natural de São José da Barra (MG), é um dos destaques de uma das pesquisas mais promissoras da neurociência brasileira. Aluna de Biofísica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde ingressou aos 17 anos, ela faz parte do grupo que apresentou, nesta terça-feira (9), resultados que reacendem a esperança de pacientes com lesões graves na medula espinhal. Maria Eduarda é filha de Giseli Antunes Silva e sobrinha do vereador Tiaguinho do Bolão.
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A descoberta gira em torno da polilaminina, uma proteína recriada em laboratório a partir de placentas humanas. O composto foi capaz de devolver movimentos a cães e a pessoas com sequelas severas na medula. O estudo começou ainda em 1999, quando a pesquisadora Tatiana Sampaio, professora da UFRJ, percebeu o potencial da laminina – proteína presente em abundância na fase embrionária – para restaurar conexões entre neurônios lesionados.
Entre os casos mais emblemáticos está o de Bruno Drummond de Freitas, bancário que ficou tetraplégico após um acidente em 2018. Duas semanas após receber a injeção experimental, ele conseguiu mover o dedão do pé, sinalizando o sucesso inicial da técnica. Hoje, mesmo com limitações, Bruno recuperou autonomia e qualidade de vida.
Os avanços também se estenderam a outros pacientes e até a cães com lesões antigas. Em testes clínicos conduzidos pelo neurocirurgião Marco Aurélio de Lima, seis dos oito voluntários apresentaram recuperação parcial de movimentos, incluindo resultados inesperados, como o de Nilma Palmeira de Melo, que voltou a se levantar contra todos os prognósticos. Já entre os animais, quatro de seis voltaram a se locomover.
O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e reuniu neurocirurgiões, fisioterapeutas e estudantes, como Maria Eduarda. Após 18 anos de estudos, a polilaminina teve sua patente registrada e, em 2021, transformou-se em um medicamento apresentado por uma farmacêutica brasileira.
Apesar do entusiasmo, o tratamento ainda precisa passar por novas fases regulatórias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige análises complementares para garantir a segurança antes que o método seja disponibilizado em hospitais. De acordo com Claudiosvan Martins, coordenador de pesquisa clínica da agência, a cautela é fundamental para que a promessa científica se torne, de fato, uma realidade acessível.
Fonte: Jornal Folha Regional
