A Câmara Municipal de Nova Resende instaurou uma Comissão Processante (CP) para apurar a conduta do vereador Odair Braz de Azevedo (PL), suspeito de abuso de poder e quebra de decoro parlamentar. A decisão foi tomada após denúncias de agressões verbais feitas por três servidoras públicas, incluindo a secretária municipal de Saúde.
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Durante os depoimentos à Comissão, realizados na última sexta-feira (15), uma das mulheres revelou ainda ter sido vítima de assédio sexual por parte do vereador em um episódio ocorrido anos atrás.
Além de exercer mandato legislativo, Odair Azevedo também é servidor público e atua como motorista da prefeitura. Segundo as denúncias, as agressões verbais teriam ocorrido quando o parlamentar foi até a Secretaria de Saúde para questionar seu afastamento das funções. Durante o confronto, o vereador teria utilizado seu cargo para intimidar as servidoras.
“Eu fui cobrar a Secretaria de Saúde, a coordenadora de transporte e fui recebido lá de uma forma também incorreta. Não tem fundamento nenhum eu agredir pessoas verbalmente. A gente teve lá uma discussão, nem acredito que seja discussão, por conta de que elas afirmaram que eu não poderia estar trabalhando naquele setor mais e eu falei que elas não tinham o direito de falar comigo, quem tinha o direito seria o prefeito e elas não acharam bom da mesma forma. Eu acabei abandonando o local rapidinho e até hoje a gente está respondendo a um processo para possível cassação por quebra de decoro”, disse ele.
A secretária de Saúde, Gislaine Dilva Pereira Gueles, afirmou que a denúncia deve ficar com exemplo.
“A gente realmente se sentiu ameaçada e intimidada e não precisa disso. A gente fica triste com a situação, mas hoje nós estamos expondo essa situação que a gente vivenciou para ver se, a partir disso, melhorem as condições com as mulheres, com a vida em si.”
As mulheres relataram que se sentiram ameaçadas e constrangidas pela atitude de Odair, que teria se exaltado durante a discussão. Em sua defesa, o vereador nega as acusações e afirma que apenas buscava esclarecimentos sobre o não pagamento de horas extras referentes a plantões realizados aos fins de semana.
Procurada, a Prefeitura de Nova Resende informou, por meio de nota, que uma lei municipal de 2022 prevê o pagamento de gratificações a servidores em plantão.
Assédio sexual
Durante os depoimentos na CP, a servidora pública Tatiane Luiza Américo disse ter sido vítima de assédio sexual pelo vereador. Após pedir para falar sem a presença de Odair no plenário, ela contou que entre 2020 e 2021, ele a assediava dentro da prefeitura.
A servidora pública também denunciou que o vereador chegou a apertar partes do seu corpo e a enviar R$ 1,5 mil para a conta dela e depois dito que ela teria que “pagar a dívida” indo com ele até uma cidade vizinha. O advogado da servidora informou que uma denúncia sobre o caso foi feita ao Ministério Público na sexta-feira (15).
A Câmara também irá analisar a denúncia feita pela servidora. “Vamos buscar orientação jurídica de que forma isso seja procedido, seja encaminhando para o Ministério Público, para a Polícia Civil para apurar, ou outro procedimento, às vezes, uma abertura de um novo processo de cassação”, afirmou o vereador Roberto Guelere (PSDB), presidente da CP.
O vereador afirmou que não tem conhecimento das denúncias de assédio sexual e que não há registros ou denúncias formais sobre o caso. Ele alega que está sofrendo uma perseguição política.
Fonte: g1
