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Casal tem prisão preventiva decretada após morte encefálica de criança em MG

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A juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto determinou, na noite dessa terça-feira (10), a prisão preventiva de um homem de 31 anos e da companheira dele, de 34 anos, após a morte encefálica do garoto Ian Henrique, de 2 anos. Eles foram presos em flagrante no último domingo (08), por lesão corporal, mas a juíza considerou que a conduta praticada pelo casal “melhor se adequar ao previsto como maus-tratos no Código Penal”.

Durante os depoimentos, os suspeitos mudaram a versão e apontaram uma criança de 4 anos, filha da mulher, como a responsável pelas agressões.

Em boa parte da audiência de custódia, o casal repetiu o que tinha dito à Polícia Militar no dia dos fatos. O homem alega que deixou a casa por três vezes e foi informado pela companheira de que o filho havia caído. Quando ele chegou do trabalho, já na madrugada de domingo, viu a criança deitada no sofá “de uma maneira estranha, torto, ocasião em que se deslocou até o quarto e questionou a mulher onde Ian Henrique de Almeida Rocha estava. Ela acordou assustada e olhou para a cama, procurando pela vítima. Diante dos fatos, o autuado se dirigiu até seu filho e o pegou no colo, momento em que percebeu que ele apresentava lesões na boca, na cabeça, na região da testa, no queixo, com a mão esquerda torta e as pernas duras, bem como tentou abrir os olhos da criança que, contudo, não acordou e apenas gemia”.

A mulher voltou a falar, também, que fazia almoço e que frango com quiabo caiu no chão da cozinha, o que deixou o piso escorregadio. Enquanto estava no quarto, observou Ian Henrique de Almeida Rocha estava “indo em direção à cozinha e então escutou um barulho, porém não foi até o local para averiguar o que havia ocorrido”.

“Momentos depois, a autuada novamente escutou um barulho e, em seguida, escutou Ian Henrique de Almeida Rocha chorando, momento em que se levantou e foi ver o que ocorrera. Após pegar Ian Henrique de Almeida Rocha, a autuada percebeu uma vermelhidão nas costas da criança, um galo na nuca e um amassamento na cabeça, na parte de trás, razão pela qual deu um medicamento de seis gotas à vítima, contudo, sem saber precisar qual medicamento”. Antes, à polícia, a mulher afirmou que o medicamento seria ibuprofeno.

Segundo a juíza, foram constatadas “profundas contradições entre os depoimentos de ambos os autuados”. “As contradições são inúmeras e flagrantes, inclusive nos momentos em que os autuados também tentam imputar a morte da criança a queda acidental no piso da cozinha, sujo por alimentos que caíram no local, tendo os médicos que procederam ao seu atendimento constatado as lesões gravíssimas causadas de modo contundente, no crânio, nuca, no rosto da indefesa criança. Os depoimentos dos autores são extremamente frágeis, inconsistentes, carecem de credibilidade perceptível ao homem médio, revelando-se a extrema brutalidade das agressões que vitimou a criança Ian, agredida violentamente, ceifando-lhe a vida”, avaliou.

Para a magistrada, o caso de Ian Henrique lembra, ainda, o de Henry Borel, morto na casa onde morava com o pai, o vereador do Rio de Janeiro, Dr. Jairinho, e a mãe, Monique Medeiros. “O caso remete ao triste e emblemático precedente de Henry Borel, amplamente divulgado pela mídia. Lamentavelmente, a triste e emblemática história similar ao pequeno Henry Borel se repete, quiçá nos requintes de crueldade, já tendo a criança chegado ao hospital possivelmente com morte encefálica, ‘socorrida’ por seus próprios algozes, à semelhança de Henry Borel”, pontuou.

A madrasta de Ian pediu à Justiça prisão domiciliar, já que é mãe de uma criança especial. A juíza negou o pedido. Como a mulher tem diabetes, a Justiça ordenou, ainda, que ela receba os cuidados médicos necessários.

 

 

Fonte: O Tempo
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